domingo, 6 de fevereiro de 2011

Porque corro?

Corro pelo isolamento. Quando corro, gosto da solidão. Da sensação de imperturbabilidade. E, no entanto, dou por mim a correr no meio de milhares de outros corredores.

Corro pela evasão. Quando corro, gosto de não pensar em mais nada. Da sensação de alienação. E, no entanto, quando corro, dou por mim assoberbado por mil e um pensamentos.

Corro pelo desafio. Quando corro, gosto de superar os limites do meu corpo. Da sensação de conquista. E, no entanto, fico sempre a meio da tabela.

Corro para ouvir o meu corpo. Quando corro, gosto de ouvir a minha respiração. Da sensação de paz interior. E, no entanto, quando corro, por vezes não ouço mais nada para além da música.

Corro pela forma física. Quando corro, gosto de sentir os limites do corpo. Da sensação de poderio físico. E, no entanto, nada me deixa mais exausto do que a corrida.

Corro pela juventude. Quando corro, gosto de me lembrar da criança que está dentro de mim. Da sensação de liberdade. E, no entanto, cada vez que corro, lembro-me sempre de que estou a ficar mais velho.

Hoje, dois anos e meio depois de ter começado a correr, é mais fácil de perceber porque o faço. Porque há sensações que apenas a corrida nos transmite.

Mas, ainda assim, porque comecei a correr? Aí, é mais difícil. Mas diria que o corpo pediu e a cabeça estava a precisar...