quarta-feira, 13 de junho de 2012

Donde vimos e para onde vamos


Debato-me com a questão "donde vimos e para onde vamos".
Ou melhor, com as questões "donde vimos" e "para onde vamos".

Julgo que a dificuldade de obter uma resposta a estas questões está intimamente ligada ao facto de a natureza humana ser um acaso do universo e que esta condicionante é limitativa da sua compreensão.
Ainda assim, pergunto-me qual das respostas teria, para mim, maior importância. De um lado, saber o que existia antes de tudo existir. Do outro, saber o que existirá depois de tudo existir.

Pessoalmente, preferia saber a resposta à primeira. Porquê? Porque mesmo acreditando que nunca conheceremos a resposta a estas perguntas, podemos mesmo assim aventurar-nos a conjecturar sobre o nosso passado e futuro. E enquanto que consigo conjecturar sobre o nosso futuro, sinto-me completamente impotente ao fazê-lo sobre o passado.

O facto de existirmos, deve-se, em meu entender, à crescente complexidade do universo. E nós somos a forma de complexidade mais avançada que existe. No nosso caso, demorou cerca de 15 mil milhões de anos a concretizar-se, mas seria sempre uma questão de tempo até tal acontecer. Também é claro para mim que o futuro será sempre o resultado de mais e mais complexidade, mais e mais entropia. Consigo imaginar um universo (multiverso?) cheio de homens-robôs, viagens intergalácticas, colonizações de planetas e outras coisas. Em que é que esta tendência culminará é, no entanto, difícil de prever.

Já quando tento olhar para as nossas origens esbarro-me sempre com o mesmo problema:   Quando olho para trás consigo imaginar a criação dos planetas, galáxias e até um big bang. Consigo até conceber um universo com sucessões de big bangs e big crunchs... Mas nalgum dia tudo teve de ter um começo e é aqui que eu perco a capacidade de conjecturar. O que existia antes de o tempo existir? O que existia antes de o universo existir? Há quem defenda que a pergunta não faz sentido porque simplesmente não existia tempo antes do tempo existir. E há quem fique satisfeito com este argumento. E há quem não fique. E eu não fico. E por isso me inquieto. E por isso escrevo.