segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ser pai


é a melhor coisa do Mundo.
Não há nada na vida tão recompensador como ser pai. Para o ser basta um beijo, um desenho, um elogio, uma conversa ou basta mesmo o silêncio. Por vezes, basta apenas a contemplação. A contemplação em simultâneo do milagre da vida e da projeção de nós mesmos. A projeção dos nossos sonhos, desejos, anseios e medos.
Ser pai é sentirmo-nos completos. É sentir que tudo conta. A recompensa de ser pai só tem paralelo com a sua exigência. Ser pai é gerir o equilíbrio entre estar e não estar, dar e não dar, dizer e não dizer, ajudar e não ajudar. Sem manual de instruções.
As únicas regras que conhecemos são as dos nossos próprios pais. Bem ou mal, tudo aquilo que damos enquanto pais, reflete aquilo que recebemos enquanto filhos. Exacerbando os aspectos mais positivos, lutando contra os restantes.
Ser pai é sentir simultaneamente o poder e a impotência. Somos pais em permanência, não há interruptor. Muitas vezes, temos de o ser ainda mais nos momentos em que menos nos apetece. E quando nos apetece, nem sempre o conseguimos. Ser pai é ter de saber lidar com a frustração. É exigente porque não é linear. Não se ganha nem se perde. Luta-se. Luta-se para ser melhor. Ou para ser apenas o pai que sempre pensámos que seríamos. Tão difícil. Tão fácil que parecia.
Não há nada na vida tão exigente como ser pai.
Aliás, há:
Ser Mãe.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

No Calendário Cósmico


são 23:59:59 do dia 31 de Dezembro. O "nosso" Universo nasceu há 365 dias. A Via Láctea formou-se a 1 de Maio, o Sol a 9 de Setembro e a Terra a 14 do mesmo mês. O Homem só apareceu a 31 de Dezembro às 22h30m. Nunca deixo de me impressionar com o calendário cósmico. A sua escala é tudo menos humana. O Homem só aparece no último dia do calendário!
E pensar que este "nosso" Universo pode ter existido durante tanto tempo sem alguém para o pensar...para quê?
Pensar no momento da sua criação...a partir do quê?
Pensar nos 365 dias seguintes deste calendário...como?
O grau de dificuldade das respostas a estas questões milenares leva-me frequentemente a pensar que se deve ao enviesamento do ponto de vista de quem as faz (princípio antrópico).
Se a escala do Universo é tudo menos humana, como pode ser compreendida pelo Homem?
Dificilmente pode. E ainda assim, cá estamos. Seja por acaso ou pela evolução natural da (des)ordem do Universo. Do meu (enviesado) ponto de vista, por acaso; como acreditar que somos o principal actor de uma peça em que só aparecemos na última cena?
Por acaso, mas com propósito. Não conseguindo responder à questão "de onde vimos e para onde vamos?", devemos pelo menos garantir a subsistência da nossa espécie, que potenciamos a capacidade de responder a estas questões e que podemos dizer que o aparecimento do Homem foi um acaso feliz. Para que nos possamos orgulhar de ser a forma de inteligência mais evoluída do Universo. Ou talvez não...