terça-feira, 2 de agosto de 2016

Talvez exista, logo penso.

Existo onde sou visto. Existirei onde não chega a minha luz?

A estrela mais perto de nós com maiores possibilidades de existência de Vida está a cerca de 200 anos-luz do nosso sistema solar.
O que significa que se lá estiver alguém neste momento, e se tiver a hipótese de nos estar a observar, estará a ver algo como o nascimento dos EUA.
Poderá ver muitas coisas. Mas por muito que se esforce, não me poderá ver a mim. A minha luz demorará outros 200 anos a lá chegar. O que significa que apesar de eu aqui estar, não sou visto pelos habitantes desse planeta.

Se assim é:
- Eu existo?
- É possivel existir-se num sítio onde ainda não chegou a nossa luz?
Julgo que sim, que existo. Mas apenas aonde a minha luz já chegou. Aprendemos com Einstein que o espaço e tempo são a mesma e única dimensão. O que significa que existimos neste espaço e neste tempo, neste preciso espaço-tempo.

Onde mais existimos? Onde mais este espaço-tempo puder ser visto, ou seja, onde chegar a luz por ele emitida. Onde é isso? Todo e qualquer lugar por onde passar a nossa luz a mais de 300.000 kms por segundo. É muito? É. Mas demora 200 anos a chegar à tal estrela mais próxima. Ou seja, ainda não existo...lá. Eu existo aqui, agora e até ao limite da velocidade da luz da minha existência.
O que significa que a minha própria existência é um conceito relativo. Existo para alguns, não existo para outros...

Não posso dissociar o espaço e o tempo que ocupo. São um só. Sei que o espaço-tempo é uma seta que não anda para trás, apenas para a frente. Sei que existo para quem está no meu universo visível e que (parece que) não existo para quem está para além desses limites.

Mas posso olhar para trás. Posso olhar para o nosso sol, por exemplo, e saber que o sol que vejo é o sol que lá estava há oito minutos atrás (o sol dista oito minutos-luz da Terra). O sol que vejo agora pode não estar lá neste meu espaco-tempo.

E posso ir ainda mais longe. Posso olhar para essa estrela a 200 anos-luz e imaginar que lá vejo seres vivos. Esses seres, que lá existiam há 200 anos, podem hoje não existir. Mas pensam que existem, no espaço-tempo deles.

O que significa que a existência é relativa. Como posso ter a certeza de que não estou a ser observado por outros seres que estão 200 anos-luz à frente a olhar para trás a fazer o mesmo raciocínio: olha os humanos! A imagem que vemos deles (sim, a deste espaço-momento) já tem 200 anos...

Continuo a ter a certeza que existo...mas já não sei se estou no presente (ou no passado). A minha existência nao precede a minha concepção, porquanto foi a partir desse momento que passei a emanar luz. Mas quanto mais a minha luz viajar a essa impressionante velocidade mais longe irá a minha existência. O que significa que em última instância estarei em todo o lado, em todo o Universo, omnipresente...qual Deus...o meu próprio Deus...