sábado, 3 de outubro de 2015

Conheço três tipos de pessoas...


As que se medem contra quem acham que deviam ser.
As que se medem contra quem acham que querem ser.
E as que... não se medem contra nada.

No primeiro grupo encontro vulgarmente pessoas fortemente condicionadas por padrões sociais. Sabem quem acham que deviam ser. Podem ou não saber quem querem ser. Mas medem-se e medem-se sobretudo pelo gap entre ser e dever ser. Tipicamente deficitário. Vivem prisioneiras de um dever ser edificado a partir de fora, embora muitas acreditem que faz parte do seu próprio eu.

No segundo grupo encontro pessoas que sabem quem querem ser. Podem ou não ter um referencial do que deveriam ser. São mais livres quando não o têm. São menos quando o têm. E quando o têm pode até coincidir o querer ser e o dever ser. Aí são fortes. Quando não coincidem, vivem num purgatório entre um dever ser e um querer ser muito distantes.

Cada uma destas combinações caracteriza-se por diferentes graus de consciência, da transparência com que nos olhamos, da intensidade com que nos pensamos, da interpretação da nossa própria liberdade. 
A que nos deram e a que nós nos demos.
É a interpretação desta liberdade que marca a diferença. De acharmos que podemos querer ser independentemente do dever ser. 
De assumirmos as rédeas do nosso próprio destino, individual e colectivo.
Como assumir?
Aceitando, em primeiro lugar, o absurdo da nossa existência. A improbabilidade que lhe está associada. O vazio do infinito. A escala não humana do espaco-tempo. Acreditando que a definição de humanidade está em cada um de nós e que são os nossos actos e nada mais que a definem. 
Criando um propósito e um sentido para a vida. E medindo-nos contra ele.