domingo, 12 de agosto de 2018

Futuro

Inquieta-me não saber qual será o futuro da Humanidade!
Tentar prevê-lo é um exercício tão difícil como absurdo. Por uma única razão: pela variável tempo. 
Consigo fazê-lo a 100 anos.
Consigo fazê-lo a 1000 anos.
Posso até tentar fazê-lo a 10000 anos. 
Imagino um Homem a sobreviver a alterações drásticas de clima e recursos da nossa Terra.
A crescer em direção a outros mundos, eventualmente a habitá-los. 
A fundir-se em tecnologia aproximando-se de um ciborgue. 
Consigo imaginar o Homem a ser cada vez menos Homem. 
Mas e depois?
Como imaginar a 100000 anos? Ainda seremos Homens?
Reproduzir-nos-emos em laboratório?
Viveremos uma realidade de guerra e sobrevivência ou de paz e harmonia?
Teremos utilizado a tecnologia para nos aumentar ou para nos destruir?
E como imaginar a 1 milhão de anos? Ainda seremos Homens?
Onde estaremos? Em que planetas? Neste sistema solar?
Viveremos a par de outras civilizações ou continuaremos sós?
Que recordações teremos do Homem que hoje vive no planeta Terra?
E como imaginar a 100 milhões de anos?
Estaremos vivos? Estaremos mesmo vivos?
Ou teremos passado à história como hoje olhamos para os dinossauros?
E se estivermos vivos? Ainda seremos Homens? Ainda existem os conceitos de família, amigos e namorados? Até que idade viveremos? Seremos imortais? Viajaremos no tempo? Ainda viveremos nesta galáxia? Já teremos descoberto A Teoria do Tudo?
E como imaginar a 1000 milhões de anos?
Já teremos encontrado alguma outra civilização? Terá nascido alguma outra entretanto? Ainda estaremos por cá? O que teremos de comum com o que somos hoje? A vida desses homens continuará a ser alimentada por um coração que bate ininterruptamente? Existirá a morte? Esses homens terão também dúvidas sobre o seu futuro? Viverão mais descansados em relação a ele ou mais aterrorizados por um fim próximo?
E como imaginar a 10000 milhões de anos?
O nosso sol, a nossa Terra, o nosso sistema solar já não existirá. Se existirem homens daqui a 10000 milhões de anos, saberão que nascemos aqui? Que evoluímos a partir do nada neste planeta? Que aprendemos a andar e a comunicar na Terra? Saberão que terá existido uma Via Láctea?
Mesmo que o Homem atravesse toda esta eternidade, como lidará com um fim pré-anunciado deste Universo? Teremos evoluído para um outro universo e assegurado a nossa sobrevivência?
Será que esta aventura humana que agora começou é o principio de tudo?
Ou apenas um episódio fugaz e acidental do nosso cosmos?
Preciso de respostas...

Que nunca terei. 

sábado, 11 de agosto de 2018

Música

Já há algum tempo que não passo por aqui. Mas há pouco tempo pediram-me para escrever. De vez em quando fazem-no. Não muitas vezes. Mas quando o fazem, sinto-me em dívida para com essas pessoas. Dizer que não escrevo porque não tenho tempo é um eufemismo. Não escrevo porque escrever é difícil. Exige-me, mais do que tempo, tempo para parar, para concentrar, para reflectir, para exteriorizar, para aperfeiçoar. Requer de mim próprio um estado emocional particular. 
É a música que me cria esse estado de espírito. Que me eleva do piso térreo da consciência, que me coloca as ideias em perspectiva, que me aumenta os sentidos.  
Nunca fui extraordinariamente musical.  Na infância recordo-me de ter tido aulas de piano e pouco mais. Não posso dizer que tenha música no corpo. A minha relação com a dança é péssima e até à adolescência a música nunca foi algo de importante na minha vida. 
Até que veio a rebeldia da adolescência. Enquanto adolescente, a música ajudou-me a encontrar o meu espaço e a moldar a minha personalidade. A superar muitas dúvidas e incertezas e a libertar frustração e raiva. Foi a fase do metal mais extremo (que ainda hoje oiço). Quando não me ajudou a encontrar o meu espaço, ajudou-me pelo menos a não me sentir sozinho onde quer que estivesse. 
A vida familiar, anos mais tarde, voltou a apagar o fogo da música, a pô-la em segundo plano. Até que a música contemporânea e clássica entrou em cena há uns bons anos atrás. 
Para mim a música são dois extremos. A brutalidade do metal e a perfeição da música clássica e contemporânea. Têm muito poucas coisas em comum. Provocam-me estados de espírito muito diferentes. 
No metal, não procuro nada. Não recebo nada. Para mim ouvir metal é quase como sintonizar o meu corpo e mente num estado que me permite libertar de muitas coisas negativas. Esta música ajuda-me a encontrá-las dentro de mim e a libertá-las. A tristeza é algo que associo muito a esta música. E quando a oiço não tenho medo de a sentir. 
Na música clássica e contemporânea, sou mais egoísta. Não dou nada de mim. Vou à procura de receber alguma coisa. Enquanto no metal o sentido é de dentro para fora nesta música passa-se o inverso. Com ela procuro descobrir-me, descobrir o que existe dentro de mim. Serve de amplificador de alguns sentimentos, principalmente do amor e da melancolia. Oiço-a para ampliar estes sentimentos, para vivê-los e para os encontrar. Esse egoísmo revela-se também na obrigatoriedade que tenho de a ouvir para escrever. 
Tudo o que escrevo é feito ao som de musica clássica ou contemporânea. E é a única música que oiço quando escrevo. Tudo fica mais nítido. Tudo fica mais à flor da pele. 
E escrever é a única coisa que dou em troca. Nada mais. 

É este o efeito que a música tem em mim. Nada mais.