sábado, 12 de dezembro de 2015

Cai sobre mim uma paz...

...tal como um crepúsculo em que o sol, qual estrela, mergulha sobre um oceano nele desaparecendo como que o aquecendo e reconfortando. Estrelas. matéria. Poeira. Poeira de estrelas. Um infinito preenchido por poeira de estrelas. Uma comunhão imensa de matéria. Combinações infinitas de matéria. Complexidade crescente de matéria. Surge a Vida num ponto minúsculo do Universo. Surge a inteligência sob a forma humana. Surge a consciência do tudo que nos rodeia.

Como compreender uma escala não-humana? Como aceitar o absurdo da existência? Atribuindo-lhe um significado. Um propósito. Aceitando o resultado da evolução.
A normalidade de uma existência que se desenvolve há 13,82 mil milhões de anos.
A naturalidade de uma vida que nada mais é do que um modo de existência complexo.
A singularidade de uma maravilhosa consciência que nada mais é do que um modo de vida complexo.
Aceitando que essa consciência nasce da poeira de estrelas e morre como poeira de estrelas. Aceitando que quer esse nascimento quer essa morte são ambos passos dessa evolução intemporal não-humana. Pequenos passos naturais. Pequeníssimos passos. Um continuo de passos.

Não nascemos e não morremos.

Fazemos parte de um todo muito maior. Comungamos a mesma matéria. A partir dessa matéria complexificamo-nos e atingimos níveis de consciência crescentes que mais cedo ou mais tarde regressam ao seu estado original. Nascemos da poeira e à poeira regressamos. Entretanto somos algo complexo que procura um significado. Um significado complexo.

Procuramos demasiado um significado humano para o universo em vez de procurarmos um significado para o humano no universo.

Procuramos demasiado um significado em vez de um propósito. O mundo em que vivemos não tem que ter necessariamente um significado. Mas tem que ter um propósito. Um propósito simultaneamente individual e colectivo. Individual porque tem ser criado pela entidade única que somos cada um de nós. Colectivo porque um só humano não faz a humanidade. A humanidade é o resultado da relação entre as consciências que a compõem. Somos nós que definimos a humanidade.  Saibamos definir os nossos propósitos em função da visão que tenhamos dela.