quarta-feira, 9 de maio de 2012

Cada macaco no seu galho





Questiono-me frequentemente sobre o que difere na educação que é dada às crianças nos dias de hoje daquela que era a educação dada pelos meus pais há 30 anos. Se há algo que me impressiona é a inversão do centro gravitacional da família. Não raro, vemos famílias em que as crianças assumem um protagonismo tal, que parece que tudo gira à volta delas. São elas que definem o tema da conversa, que impõem os programas de passeio, que escolhem o canal de TV, que escolhem o lugar à mesa, etc. E neste particular, acho que é esta a principal diferença face à educação que nos foi dada.

Uma criança é e será sempre uma criança. Caminhamos num sentido em que as crianças são as maiores vítimas das ansiedades e inseguranças dos adultos. São um alvo inusitado de uma busca pela perfeição, em que cada criança é comparada incessantemente com a criança perfeita. Toda a informação que nos rodeia permite-nos criar referências absolutistas sobre características das crianças: a beleza, a forma como interagem com outras crianças, com adultos, o que já devem saber falar, brincar, fazer, etc. E a falta de discernimento de muitos pais leva-os a transferir grande parte dos seus desejos e frustrações para essas crianças.

Para mim, a educação consiste na sua esmagadora maioria em amor e ordem. O amor liberta. A ordem impõe limites. E a melhor forma de amar uma criança não é seguramente dando-lhe um papel central no seio da família. Esse papel é destinado aos pais. É a eles que cabe a condução da vida familiar e não a uma criança. Se para os pais já é uma tarefa difícil, como será para uma criança? A criança precisa de espaço, muito espaço, não precisa de um poleiro. Mas também precisa de cercas, de limites. Claros. É isso que lhe cria ordem numa personalidade em formação.

Uma criança tem de se saber colocar num segundo plano, da mesma forma que os pais têm de se saber colocar no primeiro plano. Inverter estes planos é demitirmo-nos (nós adultos) das nossas obrigações, é atribuir um protagonismo e responsabilidade a uma criança que não precisa e seguramente nāo está preparada para tal.


Em síntese, cada macaco no seu galho!