quarta-feira, 11 de junho de 2014

O meu jardim



A Joana é o meu maior desafio. Vive num estado de atenção permanente. Controladora como o pai, nada lhe escapa. Sofre por antecipação, exige respostas para tudo. Efervescente, ainda não olha para dentro. Evita, tem medo. Estar na sua cabeça é como estar sentado ao volante de um carro citadino com um motor de F1. Tem dias em que consegue dosear o acelerador, não sai de pista e chega em primeiro. Tem outros, em que ainda não fechou a porta do carro e já está a acelerar a fundo. Passa do 8 ao 80 num segundo, temperamental. Ri, chora e grita com uma facilidade inacreditável, muitas vezes tudo ao mesmo tempo. É uma criança imensamente sensível (com a irmã tem momentos…). É uma filha maravilhosa com uma noção de família ímpar. É inteligente e esperta (e sabe-o) e move-se por objectivos. Gosta de se sentir crescida e abordar os adultos. É exigente consigo e principalmente com os outros. O mundo para ela ainda não tem limites (embora lhe custe a dormir fora de casa). É valente…durante o dia. A noite traz-lhe as inseguranças e os medos. “A partir das oito horas…”, como ela diz. Vai ser grande na vida. Pessoas como ela movem mundos. Diz que quer ser jornalista. A mim parece-me mais virada para os números ou mesmo…política. Educar a Joana deixa-me…realizado. Nada na minha vida se compara ao desafio de a educar. Obrigado por existires, Joaninha. Foi contigo que criei o meu jardim.

A Ritinha é o meu doce, o meu moranguinho com chantilly. Passa a vida a rir, contamina-nos com boa disposição. Adora bebés. O seu sonho era ser bebé, e julgo que ainda tem o cheirinho deles. Deve dormir com mais de vinte bonecos na sua cama. O seu mundo é a sua casa e os seus brinquedos. Tudo o resto é acessório. Estar na sua cabeça é como estar num mundo onde tudo é perfeito e…cor-de-rosa. Um mundo de príncipes e princesas, fadas e magia. Inabalável e independente do mundo real. Mas tem outro. Tem a música e a dança no corpo (ao contrário dos pais). Quando crescer arrebatará corações. Balanceará entre a timidez e as paixões. Não gosta de lutas, mas aprendeu a lutar, a ganhar o seu espaço. A Joana que o diga. É inteligente e humana. Viverá sempre a sua própria vida, independente e feliz. Pessoas como ela dão sentido aos mundos. Ainda não sabe o que quer ser. Ciências, digo eu. Educar a Ritinha…é das tarefas mais fáceis do mundo. É uma flor que precisa apenas de um pouco de água todos os dias. Obrigado por dares cor ao meu jardim, minha Ritinha.

4 comentários:

  1. Adoro como escreves, é muito bom.
    Amo-te muito.

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  2. Ao analisar a tua escrita e conhecer a Joaninha a cópia nao
    Podia ser mais exata. Como conheces também essas filhotas.
    Simplesmente lindo!!!!
    Orgulhosa

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  3. Identifiquei na integra a flor do meu jardim que tem apenas 2 anos... identifiquei-a com a Joaninha... excelente descrição. Parabéns

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  4. O que escreve sobre as suas filhas é simplesmente sublime.Demonstra em parte o pai que é, o que sente e o que elas são. Umas princesas com um pai e mãe maravilhosos.

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